Provas verticais de Esporão Private Selection – pela revista Adega

Provas verticais de Esporão Private Selection – pela revista Adega

Os jornalistas Arnaldo Grizzo e Eduardo Milan, da revista brasileira Adega, estiveram com o nosso enólogo David Baverstock durante a sua ida ao Brasil. No seu encontro, puderam conhecer a fundo o Esporão Private Selection, numa prova vertical. Partilharam então a sua experiência, dando a conhecer ao longo de algumas páginas a evolução de um dos mais antigos vinhos do Esporão.

«Verticais do Private Selection da Herdade do Esporão mostram como um vinho ícone pode evoluir em todos os sentidos.

Garrafeira é um termo que os produtores portugueses costumavam usar para designar alguns de seus vinhos mais especiais, a ideia é que ele fosse um “vinho de garrafeira”, ou seja, o lugar onde eles são guardados e conservados, a adega, por exemplo.

(…)

Atualmente, porém, boa parte dos produtores prefere usar outros nomes. Em 1987, por exemplo, a Herdade do Esporão lançou seus primeiros Garrafeira. Na época, eles selecionavam as melhores barricas do Reserva para compor esse vinho. No entanto, com o passar dos anos, Esporão compreendeu que não bastava selecionar as barricas, mas sim as parcelas de vinha. Assim, em 2001 nasceu o Private Selection, a evolução do Garrafeira.»

O artigo brasileiro partilhou ainda ensinamentos das provas verticais que fez com David Baverstock, começando no branco e acabando numa pequena comparação com o tinto.

«VERTICAL DE ESPORÃO PRIVATE SELECTION BRANCO
SAFRAS 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010201120122013 2014

Apesar de se dizer praticamente português, o enólogo australiano David Baverstock pensou nas similaridades entre o clima alentejano e de algumas regiões mais quentes da Austrália para se inspirar num branco maioritariamente de Sémillon com pequenas partes de Marsanne e Roussanne em  pleno Alentejo. Segundo ele, que trabalha na Herdade do Esporão desde 1992, essa ideia foi baseada nos brancos produzidos em Barrossa Valley, na Austrália, “mais estruturados e mais alcoólicos do que os vindos de Hunter’s Valley”. Assim, em 2001 foi lançada a primeira safra do Esporão Private Selection Branco. (…)

Ao se experimentar as 10 safras deste branco, é evidente o direccionamento para um estilo mais vertical, privilegiando mais fruta fresca e maior precisão nas safras mais recentes. Nesse sentido, Baverstock divide em três etapas a produção do Private Branco. A primeira, de 2001 até 2005, de vinhos mais gordos, maduros e mais potentes. A segunda, entre 2005 e 2009, uma fase intermediária. E a terceira, de 2010 até o presente momento, “já com uma visão mais clara do estilo do Sémillon alentejano que queríamos”. E resume: “Creio que na safra 2014 realmente atingimos a maturidade em nosso entendimento do que possa ser a Sémillon no Alentejo”.»

«VERTICAL DE ESPORÃO PRIVATE SELECTION TINTO
SAFRAS 1997, 1999, 2000, 2001, 2003, 2005, 200820092011 E 2013

A primeira safra deste tinto foi elaborada em 1985, na época era chamado Garrafeira. Até 1997 foi realizado com o conceito de ser a seleção dos melhores vinhos Reserva da vinícola. Segundo Baverstock, a partir da safra 1999, mudou-se esse conceito, passando a ser pensado desde o vinhedo e a usar somente barricas de carvalho francês, deixando de lado as de carvalho americano. Já em 2001, para refletir essas mudanças, o nome foi alterado para Private Selection Garrafeira Tinto, que foi usado até 2005. Depois disso, tirou-se a expressão Garrafeira e o vinho recebeu o nome atual de Private Selection Tinto.

Essas mudanças são evidentes também nas cepas usadas no blend. Das safras provadas, entre 1997 e 2001, possuía Trincadeira, Aragonês e Cabernet Sauvignon. Em 2003, mudou radicalmente, sendo elaborado maioritariamente a partir de Alicante Bouschet, com pequena porcentagem de Aragonês. Já em 2005, incorporou-se Syrah à mescla, mantendo-se assim em 2008, 2009 e 2011. Em 2014, além de Alicante Bouschet, Aragonês e Syrah, foi incorporada Petit Verdot pela primeira vez.

Assim como nos brancos, a degustação comparativa de dez safras de Private Selection Tinto mostra um caminho semelhante, ou seja, progressivo em direção a mais frescor, mais precisão e maior respeito à fruta, com a madeira tendo cada vez menor impacto nas safras mais jovens, comprovando na taça que as mudanças realizadas neste vinho nos últimos 20 anos valeram a pena.»

A publicação da revista Adega finalizava com um pequeno contexto histórico da Herdade do Esporão, bem como uma breve apresentação do enoturismo e do nosso enólogo David Baverstock.