Sono profundo. A neblina bem perto.

Apaixonamo-nos pelo Alentejo quando olhamos para um carreiro longe de ter fim. Quando descobrimos o dia iluminando o montado e ouvimos as pessoas que nele gostam de se perder.

Ouve-se o bater de asas e o balir do gado. Descobre-se o verde dos campos perfumados. A neblina bem perto. Ainda trago o gosto a ela atrás de mim.

O dia ameaça com o sol alaranjado e as gotículas de orvalho equilibradas sobre o arame da vinha — e uma fotografia daquela pedra que fica de véspera sobre o esteio a marcar o fim e o início do dia de trabalho.

Diversidade, precisão e equilíbrio. A vida que a natureza fornece de forma sustentável e inspiradora é feita de planícies onduladas, vales rasos e charcas ocasionais. Transformam-na indelevelmente as aves e os morcegos que controlam as pragas, o faval que olha pelas linhas de vinha em solos pobres e que resiste às grandes amplitudes térmicas do Alentejo. A Marcelina e a Conceição, o Rui, a Sandra e o António — que não trocam o montado por nada.

Luís Octávio Costa @kitato