“O Litão é o “bacalhau dos pobres” da zona de Olhão no Sotavento Algarvio. É um pequeno tubarão parecido com a patarroxa que se distribui pelo Mediterrâneo, e Atlântico Oriental, desde as ilhas Faroé ao Sul do Senegal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Canárias.

Em inglês denomina-se blackmouth catshark, em francês chien espagnol, e em espanhol, pintarroja bocanegra. É uma espécie de profundidade que se pesca por arrasto do fundo ou com aparelhos de anzol, entre os 200 e os 500 ou mais metros.

O litão é geralmente escalado, salgado e seco ao sol sendo depois guardado alguns meses até ser consumido. A pele seca, por ser muito abrasiva, era antigamente utilizada para lixa. Antes de ser consumido tem de ser demolhado durante cerca de 1 dia, sendo cozinhado como se de bacalhau se tratasse, em caldeirada, feijoada ou até na cataplana.

O consumo de litão está indelevelmente ligado à cidade de Olhão e à sua fortíssima tradição piscatorial. Reza a história que o litão sempre chegou com abundância às docas do porto de pesca e que nunca lhe foi atribuído grande valor comercial mas que, como pode ser conservado por secagem para consumo posterior, os olhanenses mais pobres começaram a utilizá-lo para os momentos de escassez, geralmente no Inverno, e sobretudo na consoada, em substituição do bacalhau. É pois assim que na praça de Olhão a procura de litão aumenta muito nos dias que antecedem a Consoada, tornando-o assim um manjar mais caro que o bacalhau, podendo atingir os 60€ por quilo.

Como diz o nosso Toni Coelho, ‘Natal sem Litão não é Natal…'”

CHEF ANDRÉ MAGALHÃES