Levar a gastronomia portuguesa até aos Estados Unidos

Levar a gastronomia portuguesa até aos Estados Unidos

Pelo menos duas vezes por ano, o nosso responsável do mercado norte-americano, Pedro Lopes Vieira traz a Portugal um grupo de convidados para conhecerem melhor o Esporão, os nossos produtos, os lugares onde são feitos e a história de cada um.

Este mês, recebemos na Herdade do Esporão mais um grupo e, entre os convidados ligados ao vinho e à gastronomia, esteve George Mendes, chef e fundador do Aldea e Lupulo, dois dos mais reconhecidos restaurantes de comida portuguesa em Nova Iorque.

George, nasceu em Connecticut mas é filho de país portugueses, por isso, o contacto com a cultura portuguesa veio desde cedo. Português foi a primeira língua que aprendeu a falar, e a gastronomia uma porta para um país que desconhecia mas que fazia parte de si.
«A minha mãe sempre cozinhou para toda a família. Tenho muitas memórias e recordações da cozinha e da comida feita em casa. Os almoços e jantares em família, no jardim, onde na mesa não faltavam produtos portugueses. Em Connecticut há uma grande comunidade portuguesa e foi através da gastronomia que tive o primeiro contacto com a cultura portuguesa».
Além de jogar futebol e basquetebol, comer era das coisas que mais gostava de fazer. Principalmente a comida feita pela sua mãe ou pela sua tia, que cozinhavam sempre pratos típicos portugueses. Esta coisa tão portuguesa de gostar de estar à mesa, de demorar-se a comer e apreciar a comida, acompanhou-o e levou-o a querer, aos 16 anos, ir para uma escola de culinária.

Depois de se formar, os seus primeiros passos no mundo da cozinha foram, curiosamente, em Paris e, por isso, a suas bases como chef estão muito ligadas à gastronomia francesa. Mais tarde, esteve em Espanha e, anos depois, começou a questionar o caminho a seguir.

«Em 2007 comecei a perguntar-me: “O que é que eu sou? Que cozinheiro quero ser?” Esta foi uma altura que me fez pensar nas minhas raízes e da minha família. Vim a Portugal várias vezes por ano e relembrava-me destes sabores portugueses, voltava às memórias dos cheiros da minha infância que vinham da cozinha da minha mãe. Foi aí que comecei a trabalhar em pratos portugueses, mais rústicos. Pratos com arroz, guisados, cabrito, chanfana que interpretei com uma nova abordagem, mais moderna, mas sempre com respeito e inspiração na base do que é a gastronomia portuguesa».
Depois de ir beber a outras culturas e de se afastar da sua realidade, voltou ao lugar onde sempre soube que ia estar – a gastronomia portuguesa. As raízes estavam lá, não havia como escapar e, em 2009, abriu o seu primeiro restaurante, o Aldea, em Nova Iorque.

«Estava na expectativa de perceber se as pessoas iriam perceber o conceito. Foi um abrir caminho para apresentar aos americanos o que é a gastronomia portuguesa, que muitos desconheciam. Nessa altura, estava ainda naquela fase de perceber o que gostava realmente de fazer e como me sentia. Acho que o trabalho de um cozinheiro é também o reflexo daquilo que ele está a sentir, de como está, de como se sente. Ia cozinhar receitas muito emocionais, que mexiam com memórias, era importante sentir-me bem para passar isso para as pessoas».

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O Aldea nasce de toda a sua história com grande inspiração na gastronomia portuguesa, com espírito livre para criar novos pratos e fazer uma cozinha moderna também com influência da sua experiência em França.

«Comecei um caminho que mais tarde, em 2015, me ajudou a abrir o meu segundo restaurante. Depois de introduzir a gastronomia portuguesa a Nova Iorque, senti-me confortável para ambicionar mais e no Lupulo comecei a preparar pratos como bacalhau à gomes de sá, caldo verde e frango no churrasco. Pratos autênticos e sem medos».

Cada vez que visita Portugal, regressa para os Estados Unidos com mais vontade de trabalhar neste caminho.

«Ainda há muito da cultura portuguesa para mostrar em Nova Iorque. Ainda há muito caminho para percorrer. Cada vez que venho a Portugal, regresso aos Estados Unidos com mais amor pela cozinha portuguesa».
Este mês esteve de volta e a sua visita à Herdade do Esporão não foi por acaso. Nos seus dois restaurantes tem vinhos e azeites Esporão e confessa-se um fã dos nossos produtos.

«A primeira vez que tive contacto com o Esporão foi no Aldea. O Pedro Lopes Vieira e o meu sommelier, na altura, conheceram-se e estiveram a provar os vinhos. Eu apaixonei-me por eles muito rapidamente e começámos a ter os vinhos no restaurante. Quando estava a fazer o meu primeiro livro My Portugal: Recipes and Stories, há cinco anos atrás, vim cá pela primeira vez. Quando se vai ao sítio onde as coisas são realmente feitas, à origem, e conheces as pessoas, vês as vinhas, vês a terra, é incrível. Foi muito marcante para mim».  

Em cinco anos muito mudou por cá e, entre provas de azeite, vinho, passeio pela herdade, visitas às caves e adegas e um almoço no Restaurante Esporão, George não poderia estar mais feliz com o seu regresso.

«O dia foi muito relaxante. De todas as viagens que já fiz, este é um dos sítios mais bonitos do mundo. O Alentejo tem esta tranquilidade e esta beleza, os cheiros… e a terra em si, é tudo muito poderoso. Esta é apenas a minha segunda vez aqui e foi ainda mais marcante que a primeira. O almoço e os vinhos estavam fantásticos. Provámos o Esporão Reserva 2011 que adorei. Acho que este sítio vai ser sempre um lugar especial para mim».

E para nós que bom que é ouvir estas palavras. Demonstram a importância de estarmos cada vez mais próximos.