A Renovada Casa de Murças: Da arquitectura ao design

A Renovada Casa de Murças: Da arquitectura ao design

As tradicionais casas de quinta ou casas senhoriais do Douro fazem parte da história deste lugar e mantêm, ainda hoje, um papel central. Conhecidas e procuradas por quem visita a região, guardam anos de memórias, ao mesmo tempo que abrem portas a novas experiências.

Com uma vista inspiradora sobre o rio Douro e paisagem circundante, perto da estação de Covelinhas, encontramos a Casa Principal da Quinta dos Murças. Construída no início do séc. XIX, volta, este ano, a abrir as suas portas depois de um profundo restauro.

Mantendo as características da casa original, com a grande varanda a sudeste, virada para o rio, e um jardim a sudoeste, com piscina, foi alterada a sua tipologia e divisão de forma a permitir ter uma sala maior e suites.

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Na maioria das casas tradicionais do Douro, a casa térrea é construída num patamar, dando origem a uma cave semi-enterrada no patamar inferior. Esta não é excepção. A casa no piso térreo tem, assim, cinco quartos, três deles em suite, duas salas, uma cozinha e um hall de entrada. A cave levou inúmeras alterações a fim de ter todas as condições necessárias para hoje ser a nossa garrafeira e sala de provas.
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A casa ganhou novas funções adaptadas às necessidades sem se perderem as características arquitectónicas, e sem se alterarem as áreas de implantação e construção.

Também o edifício de escritórios, independente da casa principal, está renovado. No piso térreo, ao nível da casa, estão os escritórios, com duas salas e pequenos arrumos. O piso superior com ligação pelo refeitório à casa dos caseiros funciona com três quartos para receber os estagiários na altura das vindimas.

Segundo o arquitecto responsável, João Botelho, «A intervenção proposta é regrada pela vontade de recuperação do património construído e a consequente valorização da paisagem onde esta se insere. A proposta procura devolver a integridade a uma estrutura que se apresentava comprometida pelo mau estado de conservação, introduzindo melhores condições de habitabilidade».

No que toca à decoração, o ponto de partida do projecto de design de Ana Anahory e Felipa Almeida do atelier AnahoryAlmeida, foram as antigas fotografias de Duarte Belo, que testemunham o passado da casa e sua estética de influência inglesa, como a grande parte das casas do Douro.

«O nosso projecto incluiu o mobiliário que o Esporão conseguiu recuperar, num leilão, do recheio da casa, que aconteceu pouco depois da compra da quinta. A essas peças juntámos peças de antiguidades sobretudo de estilo Dona Maria.

Para a decoração da casa escolhemos vários papéis de parede e tecidos de influência inglesa para evocar o seu ambiente original.

A decoração das paredes da casa incluem alguns quadros que o Esporão também conseguiu adquirir no leilão que aconteceu depois da compra da casa. Muitas das obras que estão hoje nas paredes foram pintadas por artistas que frequentaram a casa e que se inspiraram nas paisagens da quinta.

Convidámos a artista Henriette Arcelin a produzir algumas obras especificamente para a Quinta dos Murças. Demos-lhe como premissa algumas páginas do livro de referência O Portugal Vinícola de 1900 e algumas folhas da região do Douro na qual a artista fez ilustrações inspiradas nas vinhas da quinta.

Para a sala de provas, o arquitecto Pedro Jervell desenhou uma mesa de carvalho e latão»  Ana Anahory e Felipa Almeida do atelier AnahoryAlmeida.

Após todo este processo cuidado de recuperação e renovação – que respeita a história e tradição da Quinta e do Douro – a Casa Principal abre as suas portas, com todo o conforto, a quem queira descobrir a região e tudo aquilo que a Quinta dos Murças tem para oferecer.