As Mantas de Reguengos de Monsaraz: um património vivo

As Mantas de Reguengos de Monsaraz: um património vivo

As Mantas Alentejanas são uma tradição de longos séculos no Alentejo. Inicialmente usadas pelos pastores nas épocas de maior frio, foram, com os anos, tornando-se num símbolo da região. A Fábrica Alentejana de Lanifícios de Reguengos de Monsaraz tem um papel muito importante na continuidade da história destas mantas. Quando esta arte tradicional estava a desaparecer, Mizette Nielsen deu-lhe uma nova vida.
Mizette Nielsen
Nasceu na Holanda, viveu em França, Espanha e Inglaterra, e esteve ligada à moda, publicidade e cinema. Chega a Reguengos de Monsaraz em 1976, depois de se apaixonar pelo tear de lançadeira e de procurar as raízes desta manufactura. Chega numa altura em que a liberdade política já tinha corrido os campos alentejanos e testado as reformas. A época não era fácil e, sendo-se mulher, ainda menos. Comprou esta fábrica e teve de lutar pelo seu lugar na sociedade local: a tecelagem era uma profissão de homens. As mulheres continuavam na sombra, carregando lã e fazendo os acabamentos. Nesta altura, Mizette resgatou mantas e objectos rurais e recuperou-os. E, aos poucos, foi colocando as mulheres na fila da frente. 

Tornou seu este património tão rico. Na sua fábrica, neste momento, são cinco as tecedeiras que tentam manter esta herança viva. As mantas são hoje utilizadas como colchas, tapetes ou almofadas, as medidas e os padrões são variados, conforme o gosto de cada cliente, mas a base são as linhas tradicionais. Sempre em lã, sem mistura de fibras sintéticas, podem ter várias formas e desenhos.

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Esta fábrica de tecelagem, situada num antigo lagar de azeite, serve também de museu a algumas das mantas antigas fabricadas em Reguengos, recuperadas ao longo dos anos. Quando lá se entra, o peso da história faz-nos regressar a décadas passadas. É o reflexo de todo o trabalho que Mizette Nielsen e as suas tecedeiras têm feito: a extensão de uma memória que não pode ser perdida.