«O facto de termos optado pelo modo de produção biológico em toda a área de produção da Herdade do Esporão, levou-nos a estarmos mais despertos para todos os  pormenores relacionados com as nossas culturas e os ecossistemas envolventes.

Todas as actividades que desenvolvemos visam o mesmo objectivo – aumentar a fertilidade e vida dos nossos solos e o controlo sustentável das pragas e doenças. Para tal, foi fundamental o conhecimento da geologia dos mesmos. Fizemos um levantamento exaustivo de toda a área das nossas culturas, onde identificámos várias manchas de derivados de xisto e granitos que nos permitiram definir de forma mais assertiva como deveríamos actuar em cada uma das parcelas.

O plano de sementeiras foi uma das soluções que encontramos para aumentar a fertilidade dos nossos solos. Um dos objectivos fundamentais das sementeiras de leguminosas é a adubação em verde – ou sideração – que fornece às culturas o azoto que elas necessitam de forma natural, sem recorrer a produtos de origem química.

Conhecendo mais detalhadamente as características dos nossos solos e sabendo qual a qualidade das uvas pretendidas, adequámos cada sementeira a cada tipo de parcela. Aplicámos sementeiras variadas, umas de gramíneas, outras de leguminosas, de forma a que cada parcela mantivesse a fertilidade que achavamos adequada ao tipo de uva que queríamos produzir.

Outra forma de dar mais vida aos nossos solos é a introdução e incorporação de composto gerado pelos subprodutos da nossa actividade. A aplicação de composto, permite um aumento da matéria orgânica no solo e consequentemente da actividade microbiológica. Conseguimos ter também maior retenção de água no solo, fundamental para que as culturas se desenvolvam de uma forma saudável e realizem o seu ciclo de uma forma natural.

Na agricultura biológica, um dos factores mais desafiantes é o controlo sustentável das pragas e doenças. Foi essencial fazermos um levantamento exaustivo de todas as pragas existentes na Herdade e um levantamento dos auxiliares que são predadores dessas mesmas pragas. Optámos por plantações arbustivas de plantas que são hospedeiras dos auxiliares, quer nas nossas vinhas, quer no olival.

Estas e outras práticas levaram-nos a trabalhar na Natureza dos detalhes e assim atingir os nossos objectivos. Este foi o caminho que talhámos e o caminho em que acreditamos».