Verdelho: uma herança madeirense

Verdelho: uma herança madeirense

No final do século XIX, a phylloxera invadiu os campos da Europa e do mundo. Foi até hoje considerada uma das pragas mais devastadoras de sempre na viticultura mundial, por todos os danos que causou, como a alteração profunda da distribuição geográfica que fez desaparecer parte das castas e, por consequência, a grande crise na produção e no comércio dos vinhos.

Em Portugal, a casta Verdelho foi uma das muitas que não sobreviveu a esta praga, acabando por resistir apenas nos arquipélagos. Na Madeira, de onde é originária, além de se ter mantido, continuou a crescer. Na altura, ocupava mais de dois terços da área total de vinha e tornou-se numa das variedades elementares da ilha.

Hoje, mais de 100 anos depois da praga, podemos encontrar Verdelho um pouco por todo o mundo. Há 11 anos, inspirado pelos vinhos e pela qualidade da casta na Austrália, o enólogo David Baverstock trouxe-a para a Herdade do Esporão. Sendo uma casta branca com grande sucesso em climas quentes, acabou por revelar uma excelente adaptação ao nosso terroir.

Foi plantada na zona do “Canto dos Esquecidos”, em solos de natureza granítica/xistosa e estrutura franco argilosa. E é de lá que provém o nosso varietal Verdelho.

Este ano, apesar de uma Primavera com temperaturas mais baixas, grande humidade e um tempo muito quente durante a colheita, a fruta revelou-se excelente e os níveis de açúcar permaneceram normais, com a acidez um pouco mais baixa do que o normal.

O Verdelho 2016, reflecte as característica singulares da casta que o origina, como a frescura e o exotismo, presentes nas notas de fruta de maracujá, tangerina e lima. Na boca é elegante e intenso, com um final longo e delicado.

Com a chegada da Primavera, este é um vinho ideal para beber nos finais de tarde mais quentes. Fresco, à mesa acompanha bem marisco, peixes magros, grelhados e pratos mais picantes, como alguns que encontramos na comida asiática.