Três questões sobre a vindima, com o enólogo da Quinta dos Murças

Três questões sobre a vindima, com o enólogo da Quinta dos Murças

No Douro, conversámos com José Luís Moreira da Silva, enólogo na Quinta dos Murças acerca das vindimas 2018.

Como som de fundo, tocava a playlist para as vindimas deste ano.
Enólogo José Luis Moreira da Silva
1. Quais as expectativas para os vinhos de terroir da Quinta dos Murças este ano?
As condições climatéricas têm sempre uma grande influência nas características de um vinho, fazendo parte da expressão do próprio terroir. Acredito que por ter sido um ano agrícola mais difícil, os vinhos serão concentrados. As zonas mais expostas (a poente) terão uma fruta ainda mais madura, e as zonas mais protegidas, ou com maior disponibilidade de água, terão uma fruta ainda mais fresca. Por ter sido um ano mais extremo, acredito que as diferenças entre terroirs possam ser mais acentuadas, reflectindo-se nos nossos vinhos.
2. Apesar das inovações implementadas, há algumas tradições que ainda se mantêm. Quais e porquê?
Mantivemos os lagares e a pisa a pé. Acredito que a extracção em lagar é melhor e mais selectiva, dando origem a vinhos mais concentrados, com mais cor e taninos. Faz parte da história do Douro e define um estilo muito próprio de vinhos. E a lagarada é um momento único. A equipa junta-se para pisar a uva, a um ritmo único e constante, enquanto se entoam cantigas. A vibração na adega muda. É um frenesim que, em simultâneo, é comedido, e dá outro vigor a uma tarefa algo árdua.
3. De que mais gosta nesta altura do ano?
De começar o dia bem cedo nas vinhas a provar uvas, enquanto o sol ainda vem baixo. De abrir as portas da adega, de manhã, e sentir os aromas de fermentação no ar, meio adocicados e inebriantes.

De chegar ao fim do dia de trabalho, cansado, e ir tomar uma cerveja com toda a equipa. Partilhar um momento de maior descontracção com aqueles que estiveram todo o dia ao nosso lado a trabalhar para conseguirmos tirar o melhor proveito das nossas uvas.