Três questões sobre as vindimas, com os enólogos da Herdade do Esporão

Três questões sobre as vindimas, com os enólogos da Herdade do Esporão

Recentemente, sentámo-nos à conversa com os nossos enólogos da Herdade do Esporão (Alentejo, Portugal): David Baverstock, Sandra Alves, Ana Alves e Ricardo Sarrazola.

Quisemos perceber, pelas suas palavras, um pouco melhor as suas expectativas e o que mais gostam nesta época. Aqui fica o que desvendámos.
Ricardo Sarrazola, David Baverstock, Sandra Alves e Ana Alves
1. O que podemos esperar dos vinhos deste ano?
Nesta fase podemos esperar uma boa qualidade, considerando o ciclo vegetativo deste ano. A chuva e as temperaturas mais frescas na Primavera, que se prolongaram até Julho, causaram um atraso no ciclo, mas criaram as condições ideais para o bom desenvolvimento da vinha. E, agora, temos tido temperaturas mais razoáveis, após a onda de calor que se fez sentir no início de Agosto. Por isso, se tudo se mantiver, daqui para a frente podemos esperar brancos com concentração, frescura e acidez, e tintos complexos, elegantes e com boa maturação fenólica.
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2. Em que medida é que a nova adega veio melhorar a produção de vinhos tintos?
A principal mais valia em termos de qualidade é que temos maior possibilidade de apanhar as uvas no ponto óptimo de maturação e, com o aumento de capacidade, temos a possibilidade de fazer fermentações mais prolongadas, potenciando a qualidade intrínseca da matéria-prima.
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3. De que mais gostam nesta altura do ano?
Do entusiasmo de receber a matéria-prima e todo o potencial que pode vir a demonstrar no futuro. A vindima acontece num curto espaço de tempo (face ao ciclo de vida total do produto) – são cerca de seis a oito semanas que temos para trabalhar sobre a uva que nos chega. É algo que tem de acontecer neste momento.

Por isso, absorve-nos completamente. Entramos num registo muito próprio, na medida em que sentimos essa necessidade e vontade de potenciar ao máximo matéria que só está disponível nesta altura do ano.

Depois é a curiosidade, o acompanhar a evolução e a transformação da uva em vinho, as surpresas. O movimento nas adegas, ver a adega cheia, os aromas característicos da vindima: da uva acabada de chegar à adega, da fermentação no geral, do ritmo único desta altura do ano.

Quando estamos focados numa coisa boa, de que gostamos, abstraímo-nos do que nos rodeia. São muitas horas de trabalho e de investimento pessoal, mas o tempo passa a voar.