Decidimos iniciar o nosso percurso na recuperação e interpretação desta tradição alentejana em 2014. Depois de muita pesquisa e conhecimento adquirido mergulhámos na nossa primeira experiência com estes vinhos.

Esta técnica muito particular distingue-se de qualquer outra forma de produzir vinho desde o primeiro momento. Depois de desengaçadas e esmagadas, as uvas são colocadas nas ânforas de barro para iniciarem a fermentação. Aqui, acontece tudo de forma espontânea, conduzido pelas leveduras indígenas presentes no fruto.

A fermentação e a própria forma da talha vão naturalmente dar origem ao movimento que transporta a película da superfície até ao fundo da talha. Nesta fase, quando a fermentação termina, é adicionado azeite para selar a talha e evitar o contacto direto do vinho com o oxigénio.

É tradição no Alentejo deixar as massas repousar nas ânforas até ao São Martinho, altura em que se prova com as castanhas assadas. No entanto, os nossos vinhos ficam, aproximadamente, mais 6 meses nas talhas.

Assim que o vinho estiver pronto a ser engarrafado, coloca-se uma torneira (o batoque) na base das talhas para retirar o vinho. O facto de se retirar o vinho por baixo, permite que este passe pelas massas que entretanto se depositaram no fundo, funcionando como um filtro natural.

No final de todo este processo, resulta um vinho mais oxigenado e com menor extração, mais leve, suave e frutado. Pelas suas características, é um vinho com uma grande aptidão gastronómica. Ideal para provar com pratos ou petiscos típicos do nosso Alentejo. Não fossem as tabernas o seu berço.