O segredo da cozinha do chef Leopoldo Calhau fica no Alentejo

O segredo da cozinha do chef Leopoldo Calhau fica no Alentejo

Cuba, no Alentejo, é uma vila portuguesa conhecida pelo vinho da talha e pela sua maravilhosa gastronomia. Como se estas razões não justificassem uma visita, foi um convite do chef Leopoldo Calhau que nos levou até lá.

Nascido e criado em Lisboa, arquitecto de formação, aos 35 anos decidiu dedicar-se a uma paixão que tinha desde criança – a gastronomia. Apesar de a capital ser a sua “casa”, é em Vila Alva, Cuba, que se sente em família. Terra natal do seu pai, desde pequeno que as férias de Verão e as festas de família são passadas no Alentejo e não conhece outro caminho quando precisa de se refugiar. Rodeado de gente que gosta de comer, beber e, principalmente, de fazer bons petiscos, aprendeu cedo que a gastronomia era algo maior, que juntava as pessoas.

Recebeu-nos no café de uma das suas tias, no centro da vila. Ruas abaixo, na casa dos seus país, à entrada, o forno a lenha já estava a aquecer para se fazer pão para o almoço.
“É uma tradição. A minha avó fazia pão quase todos os dias e o meu pai não quis que esse hábito desaparecesse, por isso, continuou a fazê-lo. Passou de geração em geração, eu aprendi com ele e agora faço questão que os meus filhos também vão participando. Acaba por ser um momento em família. Fazer a massa, amassar e depois ver o pão cozer no forno e, claro, saboreá-lo à mesa.”
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Enquanto o pão se fazia, a cozinha ia sendo ocupada pelos preparativos para o almoço. Além da cabeça de borrego no forno que o chef Leopoldo viria a preparar, a sua mãe, Joana, preparou tomatada e feijoada. Esperavam-se alguns convidados que estavam em tempo de vindima, com muito trabalho, e estas gentes são de alimento.
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Na Adega do seu primo, num cenário forrado a talhas e ao som do vinho a fermentar, Leopoldo preparou um dos pratos que serve no Café Garrett, no Teatro Dona Maria II em Lisboa, onde hoje é chef.

“Às vezes sirvo a cabeça de borrego no forno no Garett e é sempre uma surpresa a reacção das pessoas. Não estão à espera mas eu não consigo evitar. São as minhas raízes, é à gastronomia tradicional portuguesa e, principalmente, às bases alentejanas que vou beber inspiração.”

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A mesa comprida foi-se preenchendo à volta da comida e do vinho da talha. Muitos familiares, outros amigos, no intervalo de cada brinde e de cada garfada, trocaram memórias.

“É tão bom estar aqui. Estarmos juntos e nestes momentos de partilha. É disto que eu gosto, e é isto a minha inspiração desde criança. Cresci com estas pessoas e a minha ligação com a gastronomia parte delas. É até comovente este momento.”

De pé e copo na mão, o tio José Calhau Rim dá o mote para o Cante com o “Galo Cantor.“

Foi especial. E isso viu-se nos olhos emocionados do chef Leopoldo. Mais uma vez, a gastronomia e o vinho, nesta relação profunda com as pessoas e com os momentos que criam.

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