Fomos para a ilha e de lá não quisemos voltar

Fomos para a ilha e de lá não quisemos voltar

De malas e bagagens, metemo-nos num avião e voámos até ao Funchal, Madeira. Para alguns de nós, esta era a primeira vez na ilha e, por isso, à nossa frente tínhamos quatro dias (que viriam a ser cinco) de descoberta, de aventura, numa das ilhas mais “ricas” da Europa.

Assim que chegámos e depois de nos instalarmos, marcamos encontro com o chef Júlio Pereira no famoso e histórico Mercado dos Lavradores.

Júlio, nasceu lá no continente e como muitos chefs de cozinha, viajou pelo mundo para se inspirar até que assentou nesta ilha há já alguns anos. Apesar de ir mantendo uma ligação e alguns trabalhos em África, é aqui que tem a sua família e que se sente em casa.

Assim que nos cumprimentamos, percebemos metade da sua história – o sotaque não engana e só uma paixão assim se deixa tornar tão próxima. Júlio já é Madeirense, e traz isso consigo, orgulhosamente, cada vez que comunica.

No mercado, já faz parte da casa. E que bonita casa. Para quem nunca visitou este lugar, é uma experiência única. Os mercados são lugares castiços, com história e onde se encontram pessoas únicas e, claro, os melhores produtos. O Mercado dos Lavradores não é excepção e ganha a tantos outros não só pela diversidade de produtos que só existem na ilha como, também, pela sua luz e arquitectura.

Não são precisos motivos para visitar este mercado, mas nós tínhamos o objectivo de encontrar o ingrediente principal para o prato do chef Júlio Pereira – o famoso Gaiado.

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Esta espécie de atum de tamanho pequeno, é um dos peixes mais tradicionais da ilha. Antigamente, consumido por quem tinha menos recursos, ao longos dos anos, foi-se tornando num verdadeiro pitéu. Hoje, é procurado por todos e o seu custo, tem aumentado.

Depois de apanhado, o gaiado é seco e pode ser confeccionado de mil e uma maneiras. Uma das formas mais tradicionais é com milho, outro dos ingredientes mais utilizados na Madeira.

Esta ilha já passou por muito e isso fá-la ainda mais forte, mais arrebatadora.  A forma como este povo se fez e construiu um lugar como este, é uma inspiração. O mesmo aconteceu com a gastronomia, quando não existiam produtos para comer, inventava-se e foi assim que nasceu este típico prato – Gaiado do Caniçal.

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Júlio Pereira é neste momento o chef responsável pelo restaurante DC Atelier, no Nini Design Center. Bem no topo do “molhe”, na Fortaleza da Nossa Senhora da Conceição, este centro de arte e gastronomia oferece uma das melhores vistas sobre o Funchal.

Foi para lá que nos dirigimos para saborearmos pela primeira vez este prato tão importante. Se dúvidas houvesse, não foram precisas muitas garfadas para estarmos rendidos. Uma receita simples de confeccionar mas com um sabor e um aroma intensos e tão representativos da região.

É a gastronomia a desvendar histórias. Mais uma vez. E desta, num lugar como este. Distante mas perto. Diferente mas tão familiar.  

Madeira, agora que chegámos até ti, vai ser difícil ir embora.