Uma leitura sobre o rótulo do Esporão Colheita

Uma leitura sobre o rótulo do Esporão Colheita

Nos sete solos da Herdade do Esporão existem mais de 30 castas plantadas e bem adaptadas às condições climáticas da região. Esta riqueza geológica e de diversidade de uvas tem sustentado a qualidade e a variabilidade dos nossos vinhos ao longo dos anos.

Nestes solos, com as melhores práticas de sustentabilidade, desenvolvem-se os micro-organismos essenciais à decomposição da matéria orgânica, possibilitando às raízes das plantas a absorção de nutrientes cruciais para uma vinha saudável.

Através de práticas sustentáveis como o propagar de insectos auxiliares, como as crisopas, fundamentais no controlo de algumas pragas, a agricultura biológica permite a obtenção de vinhos de qualidade superior respeitando a Natureza.

Este modelo de agricultura levou-nos ao Esporão Colheita, o nosso primeiro vinho com a certificação de biológico.

Estivemos à conversa com Eduardo Aires, designer e Director do Studio Eduardo Aires, no Porto, responsável pela imagem gráfica deste novo vinho.

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A relação do Esporão com o Studio Eduardo Aires já tem muitos anos de história. Já foram muitos os trabalhos realizados em conjunto. Como foi receber o desafio de começar este novo projecto?
Eduardo Aires: Recebi este desafio com entusiasmo e na estratégia e contexto do que é a dinâmica do Esporão. Esta inquietude positiva é sistémica e contagiante.
O que salta mais à vista no rótulo são os símbolos. Como surgem estes ícones?
Eduardo Aires: Os símbolos surgem de um processo de síntese relativo a todos os elementos naturais que estiveram no processo de elaboração deste vinho. Desde as questões ambientais, ao território, ao terroir, passando inclusivamente pela representação das “tulipas” onde o vinho evolui.
O rótulo pode ter várias interpretações e os ícones podem não ser logo evidentes. Qual o conceito por detrás deste rótulo e o verdadeiro significado de cada ícone?
Eduardo Aires: Basicamente o objectivo principal assenta na tradução de um conceito: vinho biológico explicado por ícones de leitura universal. Sendo o primeiro vinho com certificação de produção biológica pretendíamos estabelecer um nicho de soluções que evidenciasse a expressão (visual) da terra e dos seus elementos.

O sol e a nuvem dizem respeito às condições meteorológicas, a parra e o cacho de uvas dizem respeito às castas, as ondas, as pedras e as raízes dizem respeito aos solos e os dois bichos representam a vida desses solos. Existem também dois caracteres: um “b”  de biológico e um “7” de sete solos, isto é, as sete tipologias de solos existentes na Herdade do Esporão. Foi ainda acrescentada o ícone de uma tulipa de cimento, representando o método de estágio deste vinho.

Deste modo, este rótulo tenta representar visualmente a equação ambiental da verdadeira expressão dos vinhos da Herdade do Esporão e de todas as suas características, desde o solo à garrafa. 

O Esporão Colheita Tinto e o Esporão Colheita Branco têm duas cores distintas. Como chegaram a estas cores finais?
Eduardo Aires: As cores escolhidas derivam do carácter expressivo do vinho e do seu conceito. A terra para o tinto e a pedra para o branco. Sobretudo, as cores derivam da materialidade que se pretendia. A terra devia ser quente, vermelha, quase barro. A pedra tinha de ser mineral e fria. Para além da cor, foi também importante a utilização de um relevo que evidencia a expressão destas materialidades.
Teve oportunidade de provar os vinhos. O que achou? Quais as características que mais se destacaram?
Eduardo Aires: Citando Jonathan Nossiter percebe-se que é um vinho que fala por si próprio. Essa frescura e pureza ressaltam no palato e no nariz e fazem-nos perceber que estamos perante um néctar distinto.