Quando viajamos no tempo, à primeira colheita realizada na Herdade do Esporão, em 1985, percebemos que o caminho percorrido pelo Esporão Reserva Branco – que nasceu nesta mesma vindima -, está intrinsecamente ligado à história deste lugar. É o reflexo mais fiel e a prova mais genuína da riqueza do seu território. As duas histórias andam lado a lado, influenciam-se e completam-se. Assim como a arte que acompanha o vinho desde o primeiro momento.

O Esporão Reserva conjuga a cultura universal do vinho e da arte através da reprodução de obras originais nos seus rótulos. Desde 1985 que assim é. Ao longo de todos estes anos, foram cuidadosamente seleccionados rótulos de artistas que aceitaram o desafio de vestir o vinho. Cada obra conta uma história que se completa no seu interior. A sua maioria, nasceu de um rigor estético inspirado na paisagem da Herdade do Esporão e na Natureza.

Este ano, a história do Esporão Reserva Branco acrescentará um marco – a sua certificação biológica. Mas não só. No que respeita à arte, é um regresso às origens e à tal inspiração na casa-mãe. As suas obras foram produzidas pela fotógrafa Anne Geene que viajou da Holanda até ao Alentejo para descobrir o mundo de possibilidade que é a Herdade do Esporão.
Estávamos em Janeiro, em pleno Inverno. O céu estava coberto por uma enorme nuvem cinzenta, não havia luz, nem movimento. Só o silêncio e as árvores despidas em tons de castanho. Alguns poderiam dizer que este não seria um bom dia para visitar uma herdade, mas o universo encarregou-se de dizer o contrário a Anne. “Assim que cheguei e comecei a olhar à minha volta – a tentar compreender o que poderia usar durante o processo criativo das obras -, encontrei um trevo de quatro folhas. Como é que nesta imensidão fui logo encontrar a sorte? Só podia ser um bom presságio para a minha passagem.” 
Na sua visita sentiu-se em casa, não só pela proximidade com a natureza, mas também pela filosofia que encontrou e com a qual se identificou. “Vim para cá com a ideia de procurar semelhanças entre o meu trabalho e a identidade do Esporão. Uma das coisas que mais me interessou foi descobrir o espaço que a Natureza tem para seguir os seus ciclos e viver a seu ritmo.”
Anne descobriu que o vinho também poderia ser feito com o mesmo detalhe que a própria artista utiliza nos seus trabalhos. Que aqui existe um olhar atento não só no campo, como na adega, e que esse era um dos segredos para o sucesso.
Estávamos em 2004, quando Sandra Alves tornou-se responsável pelos vinhos brancos do Esporão e apesar de na altura, o Esporão Reserva Branco já ser um clássico, ainda havia um longo caminho pela frente.

Tudo começou na terra. Desde cedo que percebemos que a qualidade dos solos, onde crescem as nossas vinhas, era fundamental e prioritária e, por isso, iniciámos um caminho de conversão da nossa agricultura para biológica. Ao longo da última década, realizámos estudos e implementámos práticas sustentáveis que nos trouxeram, em 2019, à primeira vindima com certificação da área total da Herdade do Esporão. “O mais importante é termos a confiança que estamos a fazer o melhor para o nosso território, para que este nos dê as uvas mais saudáveis e com isso conseguimos fazer os melhores vinhos que a natureza nos dá. A certificação é um atestado, uma segurança daquilo que são as nossas práticas diárias de há mais de dez anos”. 

No seu processo criativo, a artista inspira-se na forma como estamos constantemente a procurar informações que nos levam a compreender sistemas complexos. A maneira como, às vezes, sem sentido recolhe as folhas e as ordena, é uma maneira ingénua de dar destaque a essa constante procura. A natureza é a sua maior inspiração e a fotografia a melhor linguagem visual para representar algo, de provar e dar credibilidade àquilo que encontra e que considera que são os seus próprios estudos científicos. “A fotografia é um campo usado na ciência como a única forma de representar algo. E eu gosto muito desta combinação entre estes dois mundos. A natureza também é um campo que está constantemente a ser objectificado mas que na verdade é algo muito subjectivo na sua forma mais natural. Existem muitos factores que definem uma espécie, como tal, é quase impossível encontrarmos um sistema perfeito, onde encaixamos tudo o que nela existe. Não é fácil rotular ou categorizar a natureza”.
Falamos de vinhas com mais de 20 anos. O tempo fê-las crescer, trouxe-lhes uma maturidade que, aliada à diversidade existente nas uvas, marca a identidade do vinho. “A maturidade da vinha é essencial para aumentar a complexidade do vinho. A própria grandeza e diversidade das nossas vinhas proporciona-nos diferentes tipos de matéria-prima. Quando as uvas chegam à adega há um potencial enorme na fruta e os passos seguintes são um desafio”. 
Os quatro dias que Anne passou na Herdade do Esporão foram como ir a um parque de diversões. Os seus dias começavam cedo no campo, onde se perdia nas horas enquanto procurava singularidades em cada canto. Assim que o seu bloco de notas e os seus bolsos ficavam completos, era hora de ir ao escritório. Na sua secretária, além do scanner que utiliza para digitalizar as plantas, existem vários objectos de recorte como os que se utilizam na filatelia e na fotografia, fita cola e os seus sketchbooks. “A minha visita à Herdade pareceu um sonho. Aqui há tanta diversidade dentro e fora das vinhas. Fui capaz de passar quase uma hora na mesma linha de vinha. A cada metro há tanto para descobrir e queria garantir que estava satisfeita com a minha recolha para seguir para a digitalização e edição”.
O Esporão Reserva Branco é um vinho que nos faz parar, observar e compreender aquilo que é a matéria-prima e aquilo que nos rodeia. Representa a forma como cultivamos e é o resultado de uma longa história e de um trabalho diário dentro de um território imenso. A preservação adequada dos solos, a gestão da água e da electricidade na vinha e na adega e o controlo de pragas sem o recurso a produtos de síntese, são práticas que não estão aos olhos de quem prova um vinho, mas que estão lá e marcam o seu perfil. E tal como a certificação das nossas vinhas significou um reconhecimento natural de todo o trabalho desenvolvido, este ano, que lançamos o primeiro Esporão Reserva Branco Biológico, o sentimento permanece o mesmo. “É um reconhecimento que surge de um processo natural do qual nos orgulhamos. Olhar para trás, ver tudo o que construímos e como este vinho se adaptou aos tempos e evoluiu com as mudanças. Como se manteve consistente e fiel à sua identidade, tornando-se melhor”.
É uma responsabilidade fazer um vinho que marca a identidade de um lugar como a Herdade do Esporão. E é uma responsabilidade acrescida produzir o Esporão Reserva Branco, não só pela sua história e pelo seu volume, mas também pelo seu reconhecimento. “Queremos corresponder às expectativas das pessoas que o procuram desde sempre e sabem com o que contar, mas também queremos chegar a outros lugares e manter o espaço que existe para a surpresa e para a evolução”. 
O Esporão Reserva Branco 2019 é um verdadeiro clássico que segue a linha condutora que tem acompanhado o seu perfil ao longo dos anos. Essa base tem muito a ver com os aromas mais genuínos do Alentejo e da própria Herdade. “A fruta branca de caroço. Os toques subtis de torrada que acompanham os aromas. Na boca, será sempre um vinho rico, cremoso, intenso, mas ao mesmo tempo, um vinho de fruta com frescura, elegância e alguma mineralidade com o passar dos anos”. 
A natureza, a sua imensidão e diversidade não são novidade para a artista. Em criança, queria ser veterinária e passava o seu tempo no meio dos animais e das plantas. A descoberta da fotografia e do seu mundo de possibilidades levaram-na a seguir caminho na área. “Quando estava a terminar o Mestrado em Fotografia, queria arranjar novas formas de documentar a minha fotografia. Sonhava fazer algo o mais completo possível e foi aí que me lembrei de fazer uma enciclopédia sobre o meu jardim.”  Naquele momento o seu jardim tornara-se imenso. E o seu olhar sobre as coisas nunca mais voltou a ser o mesmo.
Trabalhar ao detalhe é o mesmo que trabalhar ao pormenor. E essa capacidade no Esporão veio com o tempo, com a experiência e principalmente com a dedicação. A dimensão da Herdade do Esporão sempre foi um desafio, mas desde que decidimos colocar a natureza em primeiro lugar, respeitando-a e acompanhando os seus ciclos, que não voltámos atrás. “É quase como uma lição de humildade, olhar para esta imensidão de vinha e de território e perceber que há um ciclo próprio que nos ultrapassa. O nosso trabalho é todos os dias tentar perceber e acompanhar esse ciclo e interferir o menos possível no seu ritmo, tentando sempre compreendê-lo”. 
Encontramos nas obras de Anne um grande respeito pela natureza e a sua valorização. No fundo, o seu trabalho é também uma colaboração com a própria natureza. Tal como Sandra trabalha com uma matéria-prima vinda da terra, a fotógrafa cria com o que a natureza nos dá.  O acto de apanhar flores e plantas em si é simples, mas é muito mais do que isso. E é no seu olhar e nessa simplicidade que mora a beleza do seu trabalho. “O que costumo procurar no campo são variações de qualquer coisa, cores e formas. Se fizermos zoom a uma simples folha, conseguimos ver além da sua superfície. Vamos encontrar-lhe particularidades, características únicas. E isso é belo. Quando encontro repetições em plantas diferentes é como se descobrisse uma “nova espécie”, algo novo que precisa de ser registado”.
No Esporão acreditamos que é a natureza que dita as regras, mas isso não nos tira responsabilidades. Só as eleva. Somos responsáveis por fazer o nosso melhor para que a terra seja saudável. Em troca, recebemos as melhores uvas.
As boas prácticas e a filosofia estendem-se até à adega e é na colaboração das duas equipas, que vive o segredo para a qualidade deste vinho. O trabalho da equipa agrícola traz segurança, mas também um dever maior a quem recebe a matéria-prima. Obriga a enologia a fazer um trabalho de observação e previsão daquilo que será a fruta. “Fazemos um trabalho muito específico e adaptado a cada talhão. Olhamos para cada lugar de forma individual. A vinificação e maturação é personalizada e isto permite-nos estar preparados para potenciar a qualidade intrínseca das uvas assim que chegam à adega”.
Uma parte do estágio do Esporão Reserva Branco é feita em barricas de carvalho americano e carvalho francês. A madeira sempre fez parte do seu perfil, mas a maturidade das vinhas levou a enologia a questionar, a estudar e evoluir na sua vinificação nas últimas colheitas. O que acontece no campo, reflecte-se na adega e nos últimos anos este caminho levou-nos a reduzir ligeiramentee a percentagem de madeira usada no estágio. “A fruta que nos chega merece ser enaltecida e potenciada, sem recorrer à madeira. A madeira está lá apenas para dar profundidade, cremosidade, e as especiarias que fazem parte do perfil do vinho e aumentam a sua persistência e longevidade”.
Uma das coisas que a fotógrafa mais recolheu na Herdade do Esporão foram folhas. De várias formas e cores. Já no escritório, testou diferentes organizações e foi de um destes exercícios que nasceu o rótulo do Esporão Reserva Branco. O resultado é a representação fiel de um bonito casamento entre aquilo que é o seu trabalho, na sua plenitude, e a diversidade existente na Herdade do Esporão. “Sinto que há uma forte ligação entre aquilo que está representado no rótulo e o seu interior. No fundo, o que a equipa agrícola e a enologia fazem é agarrar em algo da natureza e transformá-lo. E é exactamente isso que eu faço”.
Ao longo dos anos, as obras do Esporão Reserva Branco acabam por mostrar a evolução do vinho e a sua envolvência com o tempo. “Não se consegue provar uma garrafa fechada, mas através através da sua arte, conseguimos olhar para o passado e ter uma noção do tempo que está espelhado nas linhas de cada artista. Estou muito grata por fazer parte desta história com mais de 35 anos. E especialmente por ilustrar o primeiro Esporão Reserva Biológico”. 
Para Sandra, o Esporão Reserva Branco é um dos seus maiores projectos. É um orgulho ter crescido com este vinho, fazendo-o crescer também. “Tenho uma ligação com o Esporão Reserva Branco que é indissociável do meu percurso profissional e até da minha vida pessoal. Trouxe muito de mim para o perfil deste vinho, dediquei-lhe muito tempo e ele ensinou-me tudo o que sei”.
Este ano, a história do Esporão Reserva Branco acrescentará um marco – a sua certificação biológica. Mas não só. No que respeita à arte, é um regresso às origens e à tal inspiração na casa-mãe. As suas obras foram produzidas pela fotógrafa Anne Geene que viajou da Holanda até ao Alentejo para descobrir o mundo de possibilidade que é a Herdade do Esporão.
Estávamos em Janeiro, em pleno Inverno. O céu estava coberto por uma enorme nuvem cinzenta, não havia luz, nem movimento. Só o silêncio e as árvores despidas em tons de castanho. Alguns poderiam dizer que este não seria um bom dia para visitar uma herdade, mas o universo encarregou-se de dizer o contrário a Anne. “Assim que cheguei e comecei a olhar à minha volta – a tentar compreender o que poderia usar durante o processo criativo das obras -, encontrei um trevo de quatro folhas. Como é que nesta imensidão fui logo encontrar a sorte? Só podia ser um bom presságio para a minha passagem.” 
A natureza, a sua imensidão e diversidade não são novidade para a artista. Em criança, queria ser veterinária e passava o seu tempo no meio dos animais e das plantas. A descoberta da fotografia e do seu mundo de possibilidades levaram-na a seguir caminho na área. “Quando estava a terminar o Mestrado em Fotografia, queria arranjar novas formas de documentar a minha fotografia. Sonhava fazer algo o mais completo possível e foi aí que me lembrei de fazer uma enciclopédia sobre o meu jardim.”  Naquele momento o seu jardim tornara-se imenso. E o seu olhar sobre as coisas nunca mais voltou a ser o mesmo.
Na sua visita sentiu-se em casa, não só pela proximidade com a natureza, mas também pela filosofia que encontrou e com a qual se identificou. “Vim para cá com a ideia de procurar semelhanças entre o meu trabalho e a identidade do Esporão. Uma das coisas que mais me interessou foi descobrir o espaço que a Natureza tem para seguir os seus ciclos e viver a seu ritmo.”

Anne descobriu que o vinho também poderia ser feito com o mesmo detalhe que a própria artista utiliza nos seus trabalhos. Que aqui existe um olhar atento não só no campo, como na adega, e que esse era um dos segredos para o sucesso.

Trabalhar ao detalhe é o mesmo que trabalhar ao pormenor. E essa capacidade no Esporão veio com o tempo, com a experiência e principalmente com a dedicação. A dimensão da Herdade do Esporão sempre foi um desafio, mas desde que decidimos colocar a natureza em primeiro lugar, respeitando-a e acompanhando os seus ciclos, que não voltámos atrás. “É quase como uma lição de humildade, olhar para esta imensidão de vinha e de território e perceber que há um ciclo próprio que nos ultrapassa. O nosso trabalho é todos os dias tentar perceber e acompanhar esse ciclo e interferir o menos possível no seu ritmo, tentando sempre compreendê-lo”. 
Estávamos em 2004, quando Sandra Alves tornou-se responsável pelos vinhos brancos do Esporão e apesar de na altura, o Esporão Reserva Branco já ser um clássico, ainda havia um longo caminho pela frente.

Tudo começou na terra. Desde cedo que percebemos que a qualidade dos solos, onde crescem as nossas vinhas, era fundamental e prioritária e, por isso, iniciámos um caminho de conversão da nossa agricultura para biológica. Ao longo da última década, realizámos estudos e implementámos práticas sustentáveis que nos trouxeram, em 2019, à primeira vindima com certificação da área total da Herdade do Esporão. “O mais importante é termos a confiança que estamos a fazer o melhor para o nosso território, para que este nos dê as uvas mais saudáveis e com isso conseguimos fazer os melhores vinhos que a natureza nos dá. A certificação é um atestado, uma segurança daquilo que são as nossas práticas diárias de há mais de dez anos”. 

Encontramos nas obras de Anne um grande respeito pela natureza e a sua valorização. No fundo, o seu trabalho é também uma colaboração com a própria natureza. Tal como Sandra trabalha com uma matéria-prima vinda da terra, a fotógrafa cria com o que a natureza nos dá.  O acto de apanhar flores e plantas em si é simples, mas é muito mais do que isso. E é no seu olhar e nessa simplicidade que mora a beleza do seu trabalho. “O que costumo procurar no campo são variações de qualquer coisa, cores e formas. Se fizermos zoom a uma simples folha, conseguimos ver além da sua superfície. Vamos encontrar-lhe particularidades, características únicas. E isso é belo. Quando encontro repetições em plantas diferentes é como se descobrisse uma “nova espécie”, algo novo que precisa de ser registado”.
No seu processo criativo, a artista inspira-se na forma como estamos constantemente a procurar informações que nos levam a compreender sistemas complexos. A maneira como, às vezes, sem sentido recolhe as folhas e as ordena, é uma maneira ingénua de dar destaque a essa constante procura. A natureza é a sua maior inspiração e a fotografia a melhor linguagem visual para representar algo, de provar e dar credibilidade àquilo que encontra e que considera que são os seus próprios estudos científicos. “A fotografia é um campo usado na ciência como a única forma de representar algo. E eu gosto muito desta combinação entre estes dois mundos. A natureza também é um campo que está constantemente a ser objectificado mas que na verdade é algo muito subjectivo na sua forma mais natural. Existem muitos factores que definem uma espécie, como tal, é quase impossível encontrarmos um sistema perfeito, onde encaixamos tudo o que nela existe. Não é fácil rotular ou categorizar a natureza”.
No Esporão acreditamos que é a natureza que dita as regras, mas isso não nos tira responsabilidades. Só as eleva. Somos responsáveis por fazer o nosso melhor para que a terra seja saudável. Em troca, recebemos as melhores uvas.

As boas prácticas e a filosofia estendem-se até à adega e é na colaboração das duas equipas, que vive o segredo para a qualidade deste vinho. O trabalho da equipa agrícola traz segurança, mas também um dever maior a quem recebe a matéria-prima. Obriga a enologia a fazer um trabalho de observação e previsão daquilo que será a fruta. “Fazemos um trabalho muito específico e adaptado a cada talhão. Olhamos para cada lugar de forma individual. A vinificação e maturação é personalizada e isto permite-nos estar preparados para potenciar a qualidade intrínseca das uvas assim que chegam à adega”.

Falamos de vinhas com mais de 20 anos. O tempo fê-las crescer, trouxe-lhes uma maturidade que, aliada à diversidade existente nas uvas, marca a identidade do vinho. “A maturidade da vinha é essencial para aumentar a complexidade do vinho. A própria grandeza e diversidade das nossas vinhas proporciona-nos diferentes tipos de matéria-prima. Quando as uvas chegam à adega há um potencial enorme na fruta e os passos seguintes são um desafio”. 
Uma parte do estágio do Esporão Reserva Branco é feita em barricas de carvalho americano e carvalho francês. A madeira sempre fez parte do seu perfil, mas a maturidade das vinhas levou a enologia a questionar, a estudar e evoluir na sua vinificação nas últimas colheitas. O que acontece no campo, reflecte-se na adega e nos últimos anos este caminho levou-nos a reduzir ligeiramentee a percentagem de madeira usada no estágio. “A fruta que nos chega merece ser enaltecida e potenciada, sem recorrer à madeira. A madeira está lá apenas para dar profundidade, cremosidade, e as especiarias que fazem parte do perfil do vinho e aumentam a sua persistência e longevidade”.
Os quatro dias que Anne passou na Herdade do Esporão foram como ir a um parque de diversões. Os seus dias começavam cedo no campo, onde se perdia nas horas enquanto procurava singularidades em cada canto. Assim que o seu bloco de notas e os seus bolsos ficavam completos, era hora de ir ao escritório. Na sua secretária, além do scanner que utiliza para digitalizar as plantas, existem vários objectos de recorte como os que se utilizam na filatelia e na fotografia, fita cola e os seus sketchbooks. “A minha visita à Herdade pareceu um sonho. Aqui há tanta diversidade dentro e fora das vinhas. Fui capaz de passar quase uma hora na mesma linha de vinha. A cada metro há tanto para descobrir e queria garantir que estava satisfeita com a minha recolha para seguir para a digitalização e edição”.
Uma das coisas que a fotógrafa mais recolheu na Herdade do Esporão foram folhas. De várias formas e cores. Já no escritório, testou diferentes organizações e foi de um destes exercícios que nasceu o rótulo do Esporão Reserva Branco. O resultado é a representação fiel de um bonito casamento entre aquilo que é o seu trabalho, na sua plenitude, e a diversidade existente na Herdade do Esporão. “Sinto que há uma forte ligação entre aquilo que está representado no rótulo e o seu interior. No fundo, o que a equipa agrícola e a enologia fazem é agarrar em algo da natureza e transformá-lo. E é exactamente isso que eu faço”.
O Esporão Reserva Branco é um vinho que nos faz parar, observar e compreender aquilo que é a matéria-prima e aquilo que nos rodeia. Representa a forma como cultivamos e é o resultado de uma longa história e de um trabalho diário dentro de um território imenso. A preservação adequada dos solos, a gestão da água e da electricidade na vinha e na adega e o controlo de pragas sem o recurso a produtos de síntese, são práticas que não estão aos olhos de quem prova um vinho, mas que estão lá e marcam o seu perfil. E tal como a certificação das nossas vinhas significou um reconhecimento natural de todo o trabalho desenvolvido, este ano, que lançamos o primeiro Esporão Reserva Branco Biológico, o sentimento permanece o mesmo. “É um reconhecimento que surge de um processo natural do qual nos orgulhamos. Olhar para trás, ver tudo o que construímos e como este vinho se adaptou aos tempos e evoluiu com as mudanças. Como se manteve consistente e fiel à sua identidade, tornando-se melhor”.
Ao longo dos anos, as obras do Esporão Reserva Branco acabam por mostrar a evolução do vinho e a sua envolvência com o tempo. “Não se consegue provar uma garrafa fechada, mas através através da sua arte, conseguimos olhar para o passado e ter uma noção do tempo que está espelhado nas linhas de cada artista. Estou muito grata por fazer parte desta história com mais de 35 anos. E especialmente por ilustrar o primeiro Esporão Reserva Biológico”. 

Para Sandra, o Esporão Reserva Branco é um dos seus maiores projectos. É um orgulho ter crescido com este vinho, fazendo-o crescer também. “Tenho uma ligação com o Esporão Reserva Branco que é indissociável do meu percurso profissional e até da minha vida pessoal. Trouxe muito de mim para o perfil deste vinho, dediquei-lhe muito tempo e ele ensinou-me tudo o que sei”.

É uma responsabilidade fazer um vinho que marca a identidade de um lugar como a Herdade do Esporão. E é uma responsabilidade acrescida produzir o Esporão Reserva Branco, não só pela sua história e pelo seu volume, mas também pelo seu reconhecimento. “Queremos corresponder às expectativas das pessoas que o procuram desde sempre e sabem com o que contar, mas também queremos chegar a outros lugares e manter o espaço que existe para a surpresa e para a evolução”. 

O Esporão Reserva Branco 2019 é um verdadeiro clássico que segue a linha condutora que tem acompanhado o seu perfil ao longo dos anos. Essa base tem muito a ver com os aromas mais genuínos do Alentejo e da própria Herdade. “A fruta branca de caroço. Os toques subtis de torrada que acompanham os aromas. Na boca, será sempre um vinho rico, cremoso, intenso, mas ao mesmo tempo, um vinho de fruta com frescura, elegância e alguma mineralidade com o passar dos anos”.